Pe. Lombardi: EUA admirado com humanidade do Papa Francisco

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Cidade do Vaticano (RV) - Com a chegada às 10h da manhã desta segunda-feira ao aeroporto Ciampino de Roma, o Papa Francisco concluiu a 10ª Viagem Apostólica Internacional de seu Pontificado, cuja visita – tanto a Cuba quanto aos EUA – foi profundamente marcada pelo tema da família. Entrevistado pela Rádio Vaticano, o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, atém-se aos momentos candentes da visita aos EUA.

Pe. Federico Lombardi:- “O Papa sempre destacou – desde Cuba – que a questão da família era, de certo modo, a temática que o levara a fazer essa viagem, que, de fato, se concluía em Filadélfia para o Encontro mundial. Francisco recordou o tema da família em cada um dos discursos importantes desta viagem: recordou-o falando diante do presidente Obama; diante do Congresso dos EUA, diante das Nações Unidas. O Papa falou sobre a gravidade das questões que dizem respeito à situação da família e do matrimônio no momento histórico atual. Portanto, mesmo se o clima – felizmente – era de muita festa, muita alegria, era de anúncio de uma palavra positiva do Evangelho, da família na sua perspectiva cristã, porém, estava muito presente a consciência da seriedade da situação das interrogações sobre o futuro da humanidade, inclusive no que tange ao modo em que se vive, tutela ou não a célula fundamental que é a família. Naturalmente, nas grandes concentrações houve todo o entusiasmo da população dos EUA – das três grandes cidades que foram visitadas – para ver o Papa, para ouvi-lo, para entrar em contato com ele. E se via que o Papa chegava encontrando um interesse, uma simpatia, uma disponibilidade excepcional do povo em geral, realmente muito, muito notável. E o que impressiona – ressaltou-o também o presidente Obama, o secretário-geral Ban Ki-moon, vários outros – é justamente, de certo modo, a humanidade deste Papa, a sua capacidade de estabelecer uma relação com as pessoas, que expressa proximidade, solidariedade. Existe essa atração – digamos – da sua figura humana, que lhe dá a possibilidade de dizer palavras, por vezes também incômodas, mas claras e orientadoras, para a humanidade de hoje. Os elementos deste entusiasmo e deste desejo do povo estadunidense eram muito evidentes e também a cobertura midiática dada a esta presença do Papa foi grandiosa.”

RV: Suas palavras recordam-me aquilo que o Papa Francisco disse aos organizadores despedindo-se no aeroporto de Filadélfia: “Sejam generosos. Continuem sendo entusiastas da mensagem do Evangelho, olhem sempre para os pobres nesta terra que foi abençoada por muitas oportunidades”...

Pe. Federico Lombardi:- “Sim, o Papa – também ele – foi ao povo estadunidense com uma grandíssima amizade, com uma enorme disponibilidade e benevolência, para colher seus valores, para entrar em diálogo com ele, compreendendo a grande história de liberdade, de democracia, de pluralismo, de construção de uma grande nação, a partir da imigração de tantas diferentes origens, mesmo tendo todas suas mensagens a dar de responsabilidade, de necessidade de compromisso e de mudança para o futuro, sob diferentes aspectos, quer no tocante ao acolhimento dos migrantes, quer no tocante ao cuidado do ambiente, as responsabilidade em nível internacional e assim por diante... Todas essas foram coisas que o Papa disse, mas soube dizê-las partindo de uma base, de uma premissa de compreensão repleta de respeito e de admiração pelos valores da história deste grande país.”

RV: Olhando de modo geral para essa décima viagem apostólica – a mais longa até então do Papa Francisco –, a título de impressão pessoal, o que, nesse primeiro momento, fica mais evidente para o senhor?

Pe. Federico Lombardi:- "Diria que do ponto de vista emotivo da experiência humana, ficou-me impressa a simpatia que se respirava na Sala do Congresso à espera do Papa... Era uma atmosfera realmente de festa. Inclusive pensando e sabendo que tipo de debates, de divisões e de tensões se realizam naquela sala, também neste período: o presidente da Câmara de Representantes do Congresso dos EUA renunciou no dia seguinte ao da visita do Papa, provavelmente devido a dificuldades da sua situação e de seu serviço. Porém, se via que todos os presentes estavam enormemente interessados e disponíveis a ouvir o que Papa  teria a dizer. Achei também muito emocionante o momento no Ground Zero, na cerimônia inter-religiosa, naquele lugar terrível de manifestação do mal e do ódio, o Papa pôde – de certo modo – dar uma mensagem que traz uma luz de esperança, justamente baseada no amor e na generosidade que acompanharam naqueles dias a terrível manifestação do mal, respondendo, ao invés, com um amor pronto ao sacrifício da vida generosamente para buscar salvar as vidas das pessoas atingidas, como todos os bombeiros e o pessoal da segurança. Certamente, o calor humano do encontro fica muito impresso na memória. Em particular, em Nova Iorque, esse entusiasmo se manifestou na Missa no Madison Square Garden, que sendo um ambiente fechado, mesmo sendo de grandes dimensões, se prestava muito a constituir aquela comunidade que se sentia unida em torno a seu pastor. Além disso, fiquei muito impressionado com o encontro com os detentos: num ambiente impressionante, em que toda a arquitetura expressa isolamento, fechamento, limite das possibilidades de expressão. Essa mensagem tão cordial, tão capaz de convidar a olhar para além e a olhar para a esperança que o Papa deu. Foi, particularmente, uma eficaz e profunda manifestação da proximidade aos últimos.” (RL)

(from Vatican Radio)

Fonte: News.va